Exportações da América Latina e do Caribe ficaram estagnadas pelo terceiro ano consecutivo e cresceriam somente 0,8% em 2014

10 de octubre de 2014
Fuente: Pegado da Web da CEPAL
Santiago, 10 de outubro de 2014.- O comércio exterior da América Latina e do Caribe completará três anos de estagnação em 2014, devido a um escasso crescimento das exportações da região e a uma leve queda de suas importações, segundo informou a CEPAL.

O organismo das Nações Unidas divulgou em Santiago, Chile, seu Relatório anual Panorama da Inserção Internacional da América Latina e Caribe 2014, em que projeta que o valor das exportações regionais crescerá em média somente 0,8% este ano, após ter aumentado 23,5% em 2011, 1,6% em 2012 e cair 0,2% em 2013, enquanto que as importações da região cairão 0,6% em 2014, após o aumento de 21,7% em 2011 e 3,0% apresentado em 2012 e em 2013.

O fraco desempenho do comércio exterior regional deve-se principalmente ao baixo dinamismo da demanda externa de alguns de seus principais mercados, em especial a União Europeia, junto com a queda importante no comércio intrarregional. Soma-se a isto, a diminuição nos preços de diversos produtos básicos que a região exporta, principalmente minérios.

O Relatório aponta que as exportações do México e da América Central serão as mais dinâmicas em 2014, com um crescimento de 4,9% em valor em seu conjunto, vinculado ao melhor desempenho dos Estados Unidos, enquanto que as vendas externas do MERCOSUL apresentarão uma queda de 2,3%.

No documento, a CEPAL destaca que a participação dos países da América Latina e do Caribe nas três principais cadeias de valor globais (América do Norte, Europa e Ásia) é escassa. Com exceção do México, a região não se constitui um fornecedor importante de bens intermediários não primários para estas cadeias, nem tem um peso significativo como importador de bens intermediários procedentes dessas regiões do mundo.

A CEPAL enfatiza que a participação nas cadeias de valor internacionais pode acarretar múltiplos benefícios potenciais para o desenvolvimento de um comércio inclusivo, ou seja, um comércio que favoreça o crescimento e a produtividade, que reduza a heterogeneidade estrutural, melhore o bem-estar da maioria (emprego e salários) e reduza a desigualdade.

O Relatório acrescenta que para ampliar as oportunidades de um novo enfoque de comércio, fundamentado em uma maior articulação inter e intrarregional de cadeias de valor, é indispensável adotar políticas ativas vinculadas ao maior investimento em infraestrutura, em inovação e em ciência e tecnologia, além de políticas de financiamento inclusivo que apoiem as pequenas e médias empresas. Isto permitirá escalar a patamares de maior valor agregado com melhoras na inovação de processos e produtos.

No documento, a CEPAL chama a atenção para fortalecer em particular a integração e a cooperação regionais, já que constituem um caminho essencial para diversificar a estrutura produtiva e exportadora da região.

Ainda que os países da América do Sul e da América Central exportem para a própria região o dobro de produtos do que para os Estados Unidos e para a União Europeia, e oito vezes o número exportado para a China, persiste um baixo nível de comércio para o interior da América Latina e do Caribe, com um reduzido nível de integração produtiva. Em 2013 a participação das exportações da região para os países da mesma área foi de 19%, enquanto que a União Europeia exportou 59% de suas vendas totais para membros do mesmo grupo e para os países de Ásia- Pacífico 50%.

"O mercado regional é fundamental para o desenvolvimento de cadeias de valor na América Latina e no Caribe. O aprofundamento deste mercado constitui uma estratégia indispensável para avançar rumo a uma inserção internacional mais orientada para a mudança estrutural", enfatizou Alicia Bárcena, Secretária-Executiva da CEPAL, ao apresentar o documento.

Para isso, a CEPAL indica a necessidade de reformular as políticas industriais dos países e passar de uma ótica exclusivamente nacional para uma regional ou sub-regional onde se evite o protecionismo no comércio e a concorrência para atrair o investimento estrangeiro mediante "guerras de incentivos", ao mesmo tempo em que se avance para um mercado regional com regras comuns.

"Melhorar a qualidade da inserção internacional dos países da região é fundamental para avançar rumo a um crescimento sustentável e inclusivo. Isto requer coordenar as políticas industrial e comercial", destacou Bárcena.

Finalmente, o Relatório faz uma análise das relações intrarregionais e extrarregionais dos países da Comunidade do Caribe (CARICOM), considerando como eixo central a necessidade de fortalecer a integração regional no âmbito produtivo. De fato, a proporção do comércio intrarregional dos países da CARICOM não supera 15%.

O documento conclui que é necessário enfrentar os obstáculos que dificultam a transformação adequada das estruturas produtivas e de exportação dos países caribenhos.