BM: Desafio da América Latina é conseguir crescimento com igualdade social
26 de junio de 2014
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Publicado pela Agencia EFE, vía Yahoo! Brasil
Madrid, 26 de junho de 2014 (EFE).- O desafio da América Latina é conseguir crescimento com igualdade social, 'uma combinação difícil de conseguir', afirmou Augusto de la Torre, economista-chefe para a América Latina e o Caribe do Banco Mundial.
Em entrevista à Agência Efe, De la Torre afirmou que 'a região está nesta encruzilhada após uma década dourada', e 'pode ser que entremos em um período de baixo crescimento, que pode gerar muita tensão social', concluiu.
'Se os governos perderem a capacidade de continuar melhorando a igualdade social, vamos entrar em problemas. E a capacidade que os governos têm para poder distribuir a prosperidade depende da prosperidade. Se não há prosperidade, não há muito o que distribuir', disse.
Segundo dados do próprio Banco Mundial (BM), passou-se de uma década na qual o continente cresceu entre 5% e 6%, enquanto agora tem uma perspectiva de crescimento de menos de 2% de média, com países como Brasil, México e Chile que revisaram em baixa suas perspectivas.
O economista-chefe do BM reconheceu que a desaceleração econômica que a América Latina vive 'é um fenômeno até certo ponto preocupante', associado à desaceleração de todos os países emergentes, circunstância que relacionou com a diminuição do crescimento na China.
No entanto, ele destacou como elemento positivo que 'a região tem um sistema de administração macroeconômica melhor armado para fazer frente à situação' e citou como exemplos Chile, México, Colômbia e Peru.
De la Torre disse que, se a desaceleração se prolongar, a América Latina 'precisará de reformas estruturais' para melhorar a educação, infraestruturas e o funcionamento dos mercados.
'Espero na região na próxima década grandes ondas de reformas estruturais para o crescimento', afirmou.
Economista equatoriano, De la Torre, que foi presidente do Banco Central do Equador de 1993 a 1997, destacou a importância da inovação para o crescimento das economias latino-americanas. 'Se não há capacidade latente de inovação, o crescimento é contido', concluiu.
O executivo, que apresentou em Madri o relatório do Banco Mundial 'O empreendimento na América Latina', disse que, para que haja crescimento econômico, tem que haver qualidade em infraestruturas, capital humano e espírito empreendedor.
Ele também ressaltou que 'inclusive nos melhores momentos, a América Latina tem um déficit de empreendimento' e destacou que este déficit afeta não só as pequenas empresas, mas também as multinacionais.
Perguntado sobre a integração regional, De la Torre afirmou que 'enquanto é mais urgente o problema de crescimento econômico e a desaceleração se torna mais duradoura, mais necessário é que a região encontre caminhos de expandir seus horizontes além do mercado doméstico'.
'O enriquecimento baseado só no mercado doméstico não é a solução para a região', disse, acrescentando que 'ligar-se melhor com a Ásia vai ser para a América do Sul, por exemplo, uma das agendas mais importantes do futuro'.
O executivo citou a Aliança do Pacífico, como 'o mais promissor' dos processos de integração. 'Tem uma visão mais moderna e se dão conta de que a Ásia é parte do futuro da região', afirmou.
De la Torre reconheceu que 'há um contraste' entre este grupo e outro regional, a Aliança Bolivariana para os Povos da América (Alba), a qual definiu como 'mais estagnada' entre ambos.
Ele afirmou 'que há espaço para uma maior integração regional, sem nenhuma dúvida', embora tenha reconhecido que a América Latina é muito heterogênea.