São Paulo, 12 de maio de 2014 (EFE).- O chamado “espaço ibero-americano” e os mecanismos de integração, incluído o possível acordo comercial entre MERCOSUL e União Europeia (UE), foram assuntos tratados durante um seminário organizado em São Paulo pela Rede Ibero-Americana de Assuntos Internacionais (Ribei).
O presidente do Real Instituto Elcano, da Espanha, Rafael Estrella, disse que o sistema ibero-americano, o espaço entre América Latina e Espanha e Portugal, cumpriu com seus dois principais objetivos: fomentar a integração e o desenvolvimento latino-americano e colocar a região latino-americana na agenda europeia.
“Atualmente os mecanismos de integração se multiplicaram, com MERCOSUL, UNASUL, Alba, CELAC e Aliança do Pacífico”, comentou Estrella, depois de um painel em que foi debatida a existência de uma identidade “ibero-americana”.
Ex-embaixador espanhol na Argentina, Estrella disse que os mecanismos de diálogo podem permitir integrar blocos supostamente divergentes, como MERCOSUL e Aliança do Pacífico.
Além disso, o diplomata previu que depois das eleições europeias de maio, tanto o MERCOSUL como a União Europeia deverão apresentar propostas consolidadas para poder chegar antes de outubro a um acordo “que criará a maior zona de livre-comércio do mundo”.
A UE e o MERCOSUL retomaram as negociações para uma acordo no ano passado, depois de fracassarem em 2004 e para que esta rodada tenha êxito, segundo Estrella, dependerá da força do Brasil, o mais animado em fechar o tratado.
“O Brasil deve pressionar a Argentina para uma posição mais construtiva em torno de um acordo”, ressaltou.
Depois de dois dias de debates e painéis sobre política externa e integração, Estrella passou a presidência do Ribei ao acadêmico brasileiro Pedro Dallari, coordenador da Comissão da Verdade instalada pela presidente Dilma Rousseff para investigar os crimes da ditadura militar (1964-1985).
Dallari comentou à Agência Efe que, para Dilma, poder fechar um acordo entre o MERCOSUL e a União Europeia é um tema prioritário de sua agenda e “estará presente na campanha eleitoral”, em outubro.
Segundo Dallari, a Secretaria Geral Ibero-Americana (SEGIB) tem agora um perfil “mais latino-americano” e os países da América Latina nos últimos anos “ganharam autonomia com fundamentos de seus avanços políticos, sociais e econômicos”.