Santiago, 30 de abril.- Os países da América Latina e do Caribe crescerão em média 2,7% em 2014, devido a um limitado dinamismo das principais economias da região, segundo novas projeções apresentadas pela CEPAL.
O organismo regional das Nações Unidas divulgou seu Balanço Econômico Atualizado da América Latina e do Caribe 2013, documento no qual são revisadas as informações sobre as principais variáveis econômicas de 2013 e onde são apresentadas novas estimativas de crescimento para a região.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) indica que a taxa de crescimento regional em 2014 será levemente superior à de 2013 (2,5%) e inferior à prevista em dezembro (3,2%), devido a um contexto externo ainda marcado pela incerteza e um crescimento menor ao esperado para as maiores economias da região, Brasil e México, que crescerão 2,3% e 3%, respectivamente.
Também, reduziu-se a projeção de crescimento econômico para a Argentina (1%), país que no início de 2014 tomou várias medidas com impacto contracionista para enfrentar os desequilíbrios surgidos nos últimos anos. No entanto, a complexa situação econômica da Venezuela incidirá em uma redução de -0,5% da atividade neste país.
Entretanto, prevê-se uma alta heterogeneidade nos níveis de crescimento dos países. Segundo o Balanço Econômico Atualizado, Panamá, Bolívia, Peru, Equador, Nicarágua e República Dominicana terão, em 2014, crescimentos iguais ou superiores a 5%, enquanto que um número importante de países apresentará uma expansão, entre 3% e 5%.
Em seu relatório, a CEPAL indica que os índices de atividade dos países desenvolvidos - em especial os Estados Unidos, Reino Unido, Coreia, Alemanha e vários outros da zona do euro - têm apresentado uma recuperação, embora exista cautela pela situação da China, um dos principais sócios comerciais da região, que estabeleceu 7% como meta mínima de crescimento para este ano.
Além disso, prevê-se que a demanda por produtos básicos (commodities), especialmente minérios e alimentos, se manterá limitada o que, somado à apreciação das moedas dos países desenvolvidos, faria baixar seus preços moderadamente. A diminuição afetaria as economias exportadoras destes produtos, como as da América do Sul.
O documento da CEPAL mostra que a recuperação dos Estados Unidos terá um impacto positivo nas economias mais próximas, especialmente no México e na América Central, dada sua importância como sócio comercial. Por sua vez, a recuperação dos países desenvolvidos favorecerá os países do Caribe, mais especializados em exportações de serviços, devido ao melhor comportamento do setor de turismo.
São Cristóvão e Névis crescerá 3,1%, Bahamas, 2,5%, São Vicente e as Granadinas, 2,3% e Trinidad e Tobago, 2,1%, igual número projetado para o conjunto de nações do Caribe.
As perspectivas para o ano indicam um cenário de menor liquidez mundial, o que provoca importantes desafios em matéria de política macroeconômica e de financiamento externo para a região latino-americana e caribenha, apresenta, também, o relatório.
Em matéria de inflação não se esperam mudanças muito acentuadas, ainda que se preveja um aumento da média regional, devido às modificações da medição na Argentina, a moderada alta nos preços de vários países -que, apesar disso, mantêm a inflação em um patamar entre 3% e 6%- e os elevados índices que apresenta a Venezuela. Este aumento regional já foi observado durante o primeiro bimestre de 2014, quando a inflação média regional acumulada em doze meses subiu para 7,6%, frente a 7,3% em dezembro do ano passado.
Entretanto, nesse contexto de modesto crescimento econômico regional não se registrará uma elevação significativa dos níveis de emprego. A CEPAL enfatiza que isto poderia resultar em um aumento da taxa de desemprego - que em 2013 apresentou um novo mínimo de 6,2% - somente si se reverter a queda da taxa de participação no mercado de trabalho, observada no ano passado.