Santiago, 5 de agosto de 2014.- A CEPAL anunciou que as economias da América Latina e do Caribe crescerão em média 2,2% em 2014, afetadas pela debilidade da demanda externa, pelo baixo dinamismo da demanda interna, pelo insuficiente investimento e por um limitado espaço para a implementação de políticas que impulsionem a reativação.
Estes elementos impactam de maneira diferenciada os países e sub-regiões da América Latina e do Caribe, verificando-se uma alta heterogeneidade nas dinâmicas de crescimento, acrescentou a CEPAL.
A Comissão Regional das Nações Unidas divulgou seu Relatório Estudo Econômico da América Latina e do Caribe 2014, no qual diminuiu a projeção de crescimento regional para este ano relativa à divulgada em abril passado, de 2,7%.
O Relatório indica que a desaceleração econômica observada no último trimestre de 2013 manteve-se nos primeiros meses de 2014, o que fará com que a região apresente um crescimento inferior ao do ano passado, 2,5%. Entretanto, aponta que uma possível melhora no desempenho de algumas das principais economias do mundo poderá permitir mudança a essa tendência para o final de 2014.
"As políticas macroeconômicas têm que levar em conta as vulnerabilidades específicas dos países. Sem dúvida, em todos os casos é importante aumentar o investimento e a produtividade, para garantir, no médio prazo, uma mudança estrutural com igualdade. Ambas determinantes são desafios chaves para a sustentabilidade econômica do desenvolvimento, especialmente no contexto atual", afirmou Alicia Bárcena, Secretária-Executiva da CEPAL, durante a apresentação do documento.
Na região, o crescimento em 2014 será encabeçado pelo Panamá, com uma elevação em seu Produto Interno Bruto (PIB) de 6,7%. Em seguida, a Bolívia (5,5%), a Colômbia, a República Dominicana, o Equador e a Nicarágua, com expansões de 5,0%.
Espera-se que a América Central com o Haiti e a República Dominicana cresça 4,4%, enquanto que a América do Sul se expandirá 1,8%, ainda que com uma ampla diversidade entre os países. O Caribe crescerá 2,0%, o que implica um crescimento acima dos 1,2% registrado em 2013.
O documento indica que a diminuição no crescimento estimado para 2014 decorre de diferentes fatores, segundo o país que é analisado. Nos casos da Argentina -cujo PIB quase não crescerá este ano- e da Venezuela -que apresentaria uma retração de -0,5%-, os dados disponíveis para os primeiros meses do ano refletem o impacto de alguns desequilíbrios que vinham se manifestando nos últimos anos.
No Chile e no Peru, que se expandirão 3,0% e 4,8% respectivamente, a queda do dinamismo econômico em 2014 está ligada a um menor nível de investimento e à desaceleração no consumo das famílias.
No México espera-se uma recuperação do crescimento (de 2,5% comparado com os 1,1% em 2013), ainda que menor do que a projeção anterior de 3%, ao passo que o Brasil apresentará uma expansão menor, de 1,4%, comparada com os 2,5% do ano passado.
De acordo com a análise da CEPAL, a retomada do crescimento econômico dos Estados Unidos beneficiará o México e os países da América Central, enquanto a recuperação do Reino Unido e de várias economias da zona do euro terá um impacto positivo, em especial no Caribe, devido ao maior fluxo de turistas.
O menor crescimento da China previsto para 2014 é o principal risco, ressalta o Relatório. As economias da região mais especializadas na exportação de matérias-primas destinadas a este país poderão ser afetadas se a economia chinesa não conseguir manter seu crescimento acima de 7%.
Além disso, o Relatório acrescenta que no médio prazo espera-se que a região enfrente uma demanda menos dinâmica de seus principais bens de exportação e um encarecimento do financiamento externo.
O Estudo Econômico 2014 ressalta que, diante desse novo cenário, as políticas macroeconômicas para o manejo do ciclo econômico e aquelas direcionadas para impulsionar o crescimento de mais longo prazo devem estar estreitamente vinculadas.
O Relatório enfatiza, igualmente, que "a política macroeconômica deve reorientar-se, buscando criar as condições para o crescimento sustentado e aumentos da produtividade. Para isto é necessário propiciar um aumento do investimento (público e privado) na infraestrutura e inovação e fomentar a diversificação produtiva".