Pequim, 7 de abril (EFE)- Com dois anos de existência, a Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos (CELAC) tem a China como sua interlocutora mais entusiasta, como demonstra o fato de que os líderes chineses confirmaram com uma delegação do organismo a realização em 2014 de uma cúpula de chefes de Estado e um fórum de chanceleres.
A cúpula entre o presidente da China, Xi Jinping, e o chamado Quarteto da CELAC acontecerá em julho em Brasília e a ela se unirá à presidente Dilma Rousseff, anunciaram hoje em Pequim os representantes latino-americanos que viajaram à capital chinesa para ultimar detalhes destas reuniões multilaterais.
A cúpula se realizará uma vez finalizada a que os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) têm prevista em julho na também brasileira cidade de Fortaleza, informou a vice-ministra de Relações Exteriores da Costa Rica, Gioconda Ubeda, em entrevista coletiva em Pequim.
Na cúpula sino-latino-americana se lançará oficialmente o Fórum de Chanceleres entre China e os 33 países-membros da CELAC (todos os da América salvo os EUA e o Canadá), que será realizada no último trimestre de 2014 em Pequim, destacou Ubeda.
Em princípio, estão convidados a Brasília tanto o presidente de Cuba, Raúl Castro, como o do Equador, Rafael Correa, assim como o chefe de Estado costarriquenho que resulte vencedor na segunda volta turno das eleições.
O Quarteto da CELAC está formado pelo país que ostenta a presidência temporária do organismo (Costa Rica, atualmente) mais o do ano anterior (Cuba), o do posterior (Equador) e o principal representante da Comunidade do Caribe (São Vicente e Granadinas).
Este último evitará problemas diplomáticos na reunião do Brasil, já que a China tem relações bilaterais com Antígua e Barbuda mas não com São Vicente e Granadinas, que mantém laços diplomáticos com Taiwan.
A cúpula de Brasília e o Fórum de Chanceleres de outono foram acertados nas reuniões que uma delegação da CELAC, liderada pelo ministro das Relações Exteriores da Costa Rica, Enrique Castillo, manteve hoje em Pequim com seu colega chinês, Wang Yi, e com o vice-presidente Li Yuanchao.
Acompanharam a Castillo o vice-chanceler cubano, Abelardo Moreno, e o equatoriano, Leonardo Arízaga (ex-embaixador de seu país na China), enquanto a representação caribenha, pelos problemas diplomatas mencionados, não pôde estar presente.
Os três representantes latino-americanos destacaram hoje, após as reuniões, a grande importância da cúpula de Brasília, mas ainda mais a do fórum que Pequim acolherá em outubro ou novembro com os chanceleres latino-americanos, um marco nos laços entre China e América Latina e o Caribe.
"China nos vê como uma região dinâmica no âmbito global, neste mundo que está mudando e no qual se estão construindo novos balanços geopolíticos", ressaltou Ubeda na entrevista coletiva que as três partes concederam no final da viagem oficial.
"Há vontade comum da CELAC e China por avançar em direção à criação de um fórum que contribua de maneira efetiva e eficiente ao desenvolvimento mútuo", comentou o vice-chanceler cubano.
Para o equatoriano Arízaga, as reuniões multilaterais deste ano são as portas de "uma nova relação da região com a República Popular China" na qual sobressaiam o interesse mútuo e a cooperação em setores como a ciência e tecnologia, o financiamento de grandes projetos, a agricultura ou o comércio.
Pretende-se que esses fóruns ministeriais chinês-latino-americano aconteçam a cada três anos e negociar nele políticas conjuntas em assuntos concretos como a transferência tecnológica em campos como o agrícola ou a criação de um fundo de reserva alimentícia para ajudar povoados afetados por desastres naturais.