Paris, 29 de maio de 2014 (AFP).- A França apostou em reforçar seus laços econômicos e culturais com a América Latina, em um ato em Paris presidido pelo chefe de Estado francês, François Hollande diante de empresários e personalidades do subcontinente.
Nos últimos anos, a região transformou em "um ator mais importante na economia mundial", afirmou Hollande no palácio presidencial do Eliseu, durante a Semana de América Latina e Caribe, celebrada na capital francesa.
"Prova disso é que um mexicano dirige a OCDE (Angel Gurría) e um brasileiro, a OMC (Roberto Azevedo)", lembrou o presidente francês em discurso para dezenas de empresários, diplomatas e jornalistas.
Desde 2010, a França é o maior investidor europeu na região, particularmente no Brasil, onde os investimentos diretos franceses (IDE), de 17 bilhões de dólares, superam os investimentos diretos do país em China, Índia e Rússia, ressaltaram fontes da Presidência em Paris.
Mas o país europeu também quer atrair capitais da América Latina. Cerca de cem empresas já estão instaladas na França (de um total de 20 mil empresas estrangeiras). Desde 2009, a maioria dos investimentos é do Brasil (60%), de acordo com a mesma fonte.
"A França quer abrigar mais empresas latino-americanas, quer reforçar sua 'atratividade' para os capitais da região", disse à AFP o ministro francês da Economia, Arnaud Montebourg.
Hollande recebeu nesta quarta-feira pela manhã o chefe de governo do Distrito Federal mexicano, Miguel Angel Mancera, em visita de trabalho à capital francesa.
"Isso mostra a vitalidade das relações entre nossas cidades grandes e metrópoles", disse o presidente francês, ao se referir ao encontro.
No mês passado, Hollande fez uma visita de Estado ao México com o objetivo de consolidar os laços econômicos bilaterais. O encontro resultou na assinatura de 40 acordos com o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto.
O caráter econômico da Semana de América Latina e Caribe ficou claro em uma reunião com empresários nesta quarta que teve a participação, no lado francês, de Arnaud Montebourg, do ministro das Relações Exteriores, Laurente Fabius, e da secretária de Estado encarregada do Comércio Exterior, Fleur Pellerin.
O colombiano Jose Alberto Vélez, presidente do grupo Argos, classificou o encontro como "muito interessante" e lembrou que sua empresa foi uma das primeiras a investir em um território ultramar francês, a Guiana Francesa.
"Levamos dez meses negociando a abertura de uma filial na França", disse à AFP o brasileiro Marcus Figueredo, co-fundador da Hi-Technologies, que emprega agora 110 pessoas.
Tudo isso corrobora o interesse da França em atrair investimentos latino-americanos. Paris considera que a América Latina e o Caribe superaram sem muitos danos a crise de 2008 e que se afirmam agora como duas grandes regiões emergentes, segundo as fontes francesas.
Uma relação cultural privilegiada
O âmbito cultural também ocupou parte do ato no Palácio do Eliseu, onde Hollande disse que a França e a região latino-americana estão "unidos pela cultura".
O presidente destacou o fato de a América Latina abrigar a maior rede de cursos da Aliança Francesa no mundo (270, com 160 mil estudantes). Lembrou ainda que o número de estudantes latino-americanos na França triplicou desde 1990. Com 18.500 estudantes, a França é o quarto destino no mundo para os latino-americanos que estudam fora, e o segundo para os brasileiros.